segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um voto pela bicicleta


ANA PAULA PADRÃO: "O respeito mútuo entre bicicletas e outros veículos vem com o hábito. Mas, para que o hábito prevaleça, é preciso que haja regras e punição para quem as descumpre".






Por ANA PAULA PADRÃO
No meio das Olimpíadas de Londres, um ciclista foi atropelado e morto por um ônibus. Aconteceu perto do Parque Olímpico, na avenida de saída dos double-deckers - aquele ônibus vermelhos de dois andares que transportavam jornalistas e técnicos indo e vindo de seus hotéis. Era noite e o ciclista estava sem capacete. Confesso que não apurei de quem foi a culpa, mas posso atestar que o caso ganhou espaço e repercussão em todo o noticiário local. Os ônibus daquela linha foram suspensos por algumas horas. Ruas foram fechadas. Formou-se um gigantesco congestionamento.
Mas foi uma exceção. Em geral, ciclista é muito bem tratado no trânsito nem sempre fluido da cidade. Há faixas especiais para eles. Semáforos que indicam quando ele tem a preferência. Os motoristas os respeitam. E eles respeitam a fragilidade de sua condição sobre duas rodas usando equipamentos adequados. Roupas reflexivas, capacetes, luvas. 
A bike, lá, não serve só pra passear. Trata-se de um meio eficiente de transporte. Até o primeiro ministro vai para o trabalho em duas rodas! A convivência entre bicicletas e outros veículos é civilizada e cortês. Por isso um acidente como aquele chamou tanta atenção.
Leio uma pesquisa que diz que quanto mais bicicletas tem uma cidade menor é o número de acidentes envolvendo ciclistas. Faz sentido. O respeito mútuo vem com o hábito. Mas, para que o hábito prevaleça, é preciso que haja regras. É o que não temos nas cidades brasileiras. Regras e punição para quem as descumpre.
Estou em Barcelona agora, em férias. Vejo turmas de alegres ciclistas pedalando em faixas próprias, sinalizadas. Assim como em Londres, há pontos para aluguel de bikes. E numa cidade plana como essa, onde o verão é quente como o nosso, bicicleta é uma excelente opção.
Penso nisso e me dá uma pena da falta de planejamento, de segurança e de autoridade brasileiras. Mas as eleições municipais estão aí, batendo à nossa porta. Não custa lembrar que, para quem preza as leis que regem o saudável convívio social e a democracia, não há nada melhor e mais poderoso que o voto.

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